Futebol, música e gamificação. No caso do Manchester City

Que os ingleses gostam de futebol é fato. Que são amantes da música, é outro. Manchester é a capital de onde surgiram grupos clássicos como Joy Division, The Smiths, The Charlatans e Oasis. É também a cidade que abriga o Etihad Stadium, onde uma das equipes locais, é o Manchester City, que é aclamado por milhares de fãs sedentos em participar de suas vitórias. Há alguns anos, um grupo de amantes da música se uniu a um grupo de amantes do futebol, e levaram a diante uma ideia original: Transformar o futebol em música.

Para isso, aproveitaram toda a energia e paixão 80.000 hooligans gritando para animar a sua equipe através de um simples dispositivo, desenhado e construído a partir de uma patente do grande inventor Nikola Tesla. O aparelho, consistente em dois cabos que se uniam em uma almofadinha que se aderia a parte posterior das orelhas de cada pessoa, canalizava todos esses decibéis de paixão até um acumulador instalado no subsolo, que por sua vez os convertia em energia necessária para emitir ao vivo no estádio todos os sucessos musicais das bandas míticas do Manchester City (diferentes, é claro, da equipe rival, o Manchester United).

  • Por que participaram das torcidas do Manchester City? Por várias razões…
    • Em primeiro lugar, era voluntario, ninguém era obrigado a estar ali, porém o faziam porque sentiam que estavam engajados em uma causa transcendente que ia muito além de seus interesses pessoais: conseguir que a música com que todos cresceram, tocasse no início, nos intervalos e no final de cada partida.
    • Em segundo lugar, porque “ligava” com seus princípios e valores: as energias renováveis cada vez adquirem mais força, e suas vantagens são facilmente compreensíveis para uma cidade como Manchester, que foi o berço da Revolução Industrial, e que nos anos 70 sofreu uma gravíssima crise que fez dispararem as cifras de desemprego. A economia era uma constante muito presente em seus pensamentos.
    • Igualmente, os diferenciava da torcida do Manchester United, que utiliza em seu estádio um repertório musical completamente diferente. A diferença entre os gostos musicais das duas equipes locais ficou então realçada.
    • Além desta ação colaborativa aumentar sua autoestima e o orgulho de pertencer: outros interessados se uniram a iniciativa, mas eles, os hooligans do Manchester, foram os primeiros. E seguramente foram estabelecidas novas competições através do interesse de outras equipes, os resultados seriam ainda melhores porque a todas as pessoas e todas as equipes queriam os ser os primeiros na tabela de classificação.
    • Por último, porque era divertido e original. Ao final da partida os participantes recebiam uma pequena descarga elétrica para se lembrarem que deveriam devolver o dispositivo antes de sair. Seguramente, mais um momento para recordar de uma noite emocionante.

Estes são alguns dos fundamentos da gamificação, metodologia que incorpora princípios e técnicas dos jogos em diferentes contextos, como neste caso, o do esporte. No âmbito empresarial, a gamifição é uma potente ferramenta para gerenciar projetos de mudança, movendo as pessoas desde a consciência até a ação para desenvolver determinados comportamentos e poder transformá-los em hábitos.

  • Como em qualquer projeto de Change Management, a gamificação se incorpora em cada uma das fases para potenciá-las e reforçá-las:
    • Comunicar a visão de mudança. No caso do Manchester City, que queremos conseguir com a iniciativa e como iremos nos diferenciar.
    • Dar aos envolvidos o poder para realizar essas iniciativas. Desta maneira será possível conseguir a participação em tais iniciativas.
    • Comunicar as conquistas obtidas a curto prazo: Quantas canções da playlist conseguimos “energizar” entre todos, e quantas mais podemos conquistar se nos unirmos.
    • Consolidar as conquistas e gerar mais mudanças: Propondo novas iniciativas no futuro dos que estão interessados em participar. Por exemplo, que a torcida do Manchester City se uniu ao Google para poder assistir as partidas de casa como se estivessem no estádio: http://www.cre.com.ec/noticia/49660/manchester-se-une-a-google-para-que-hinchas-se-sientan-en-la-cancha-pero-desde-su-casa/

    E, por último, unir essas conquistas a cultura, diferenciando-se ainda na competência e desenvolvimento por ser sustentável (modelo 3E de Sustainable Engagement de Towers Watson): tenho o compromisso, disponho dos recursos necessários para seguir comprometido, e disponho de toda energia para isso. Neste último, sem dúvidas os hooligans do Manchester City são literalmente brilhantes.

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Imagem retirada de http://www.weloba.es/articulo/la-musica-y-los-canticos-del-etihad-stadium

Mais informação sobre o caso de Manchester City em: http://issuu.com/magazineling/docs/ling_octubre2015_web/1?e=1976929/30401993

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